
De olho no mercado promissor de um país em reconstrução, a         VW do Brasil informou ao 
G1 que negocia         a venda de um lote do modelo Voyage ao Iraque. A VW não         divulga detalhes sobre o acordo, como o número de unidades e o         valor da operação. O 
G1 apurou que o lote em         negociação é de 10 mil unidades, um contrato de mais de R$ 25         milhões ao considerar o valor de R$ 25 mil por carro embarcado.       
        Segundo a montadora, os detalhes da transação         apenas serão divulgados após a assinatura do contrato. No         entanto, a Câmara de Comércio Brasil-Iraque confirmou que os         veículos fazem parte de um programa de renovação da frota de         táxi iraquiana,  financiada pelo governo do país. Um         exemplar do Voyage, inclusive, está exposto durante esta semana         no evento de negócios Baghdad International Fair, que acontece         em Bagdá até a próxima terça-feira (10). De acordo com a         Prefeitura de São Bernardo do Campo, o prefeito         Luiz Marinho participou das conversas com a VW e o         governo do Iraque e também confirma o andamento das negociações,         pois o modelo é fabricado na unidade da Anchieta.       
        Quem anda pelas ruas de Bagdá,  duas imagens são familiares aos brasileiros: camisas         da “Seleção Canarinho” e, ainda em maior quantidade, carros         Passat – aqueles fabricados aqui nos anos 70 e 80. O         uniforme verde-amarelo traduz a simpatia dos iraquianos pelo         futebol pentacampeão. Os autos, no entanto, são símbolos de         uma estreita relação comercial entre os dois países, décadas         atrás. Apesar dos contrastes culturais, brasileiros e iraquianos         historicamente falam a mesma língua quando o assunto é         investimento – um carisma que a VW do Brasil quer         aproveitar para voltar a exportar para o país.

O possível retorno ao mercado iraquiano tem o suporte do sucesso         da exportação do Passat brasileiro entre 83 e 88, chamado de         “Brasili” no Iraque. Ao todo, foram vendidas 170 mil unidades,         muitas delas rodam até hoje no país. “O Iraque teve bastante         negócio com o Brasil na época do regime militar brasileiro.         Nessa época, várias empresas brasileiras atuaram lá, como a         VW, que vendeu muito Passat, e empreiteiras. Depois do         fim da ditadura militar no Brasil e da invasão norte-americana         no Iraque a maioria dos negócios foi inviabilizada”, afirma o         economista da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite.
       
        A nova fase do Iraque e da própria alemã         VW — que pretende ultrapassar a  Toyota na         liderança mundial em 2018 e produzir, como parte do plano, 1         milhão de unidades no Brasil até 2014 (o que inclui unidades         para exportação) — propicia a retomada do investimento neste         mercado. A vantagem da fábrica brasileira é que, segundo a         câmara de comércio, o governo iraquiano dá preferência às         empresas do Brasil, mesmo que a matriz seja em outro país. 
          
                Outras empresas do setor    
          
Embora a venda do lote de Voyage seja o maior negócio em         andamento do setor automobilístico, outras empresas prospectam         novos negócios no país e participam da feira. Entre as         interessadas está a Mercedes-Benz – que negociou a venda de 250         caminhões para o país em julho deste ano —, Comil Ônibus,         Marcopolo e a fornecedora de implementos rodoviários Rondon.
       
        Em junho, quando o ministro da Indústria e         Minerais do Iraque, Fawzi Hariri, esteve no Brasil o         representante do governo iraquiano chegou a afirmar que pretende         instalar uma unidade da Mercedes-Benz no país e ter a fábrica de         São Bernardo como a principal exportadora de chassis e peças. O         investimento estimado, segundo ele, seria de US$ 250 milhões.

De acordo com o gerente de exportação da Comil, Aderbal Marchi, o         Iraque será novamente “muito em breve” um grande mercado no         Oriente Médio, por isso o foco em novos negócios no segmento de         ônibus. “O Iraque é um mercado de grande potencial para nossos         negócios. Já temos nossos produtos bem testados e aprovados, já         que fizemos vendas expressivas para a Arábia Saudita e Qatar”,         diz Marchi.
       
        Outra empresa com experiência na região é a         Randon, com participação no mercado iraquiano desde outubro de         1978. Segundo a companhia, desde então as exportações foram         mantidas e novos negócios sempre estão em andamento.
       
        “A relação entre os dois países se deslumbra no         cenário de recuperação e novos investimentos. É uma boa         oportunidade para as empresas brasileiras, embora o país não         esteja pacificado. Mas há muito que fazer na reconstrução         iraquiana e recursos para isso eles têm, o problema são as         condições de se trabalhar lá, porque o país ainda é uma         incógnita”, observa o economista Alcides Leite, ao destacar que         o país ainda é uma região de violentos conflitos. 
               
       Balança comercial
As exportações de produtos brasileiros ao Iraque         atingiram a melhor marca dos últimos 21 anos: US$ 484.585.939,18         no acumulado de janeiro a setembro. O comércio, segundo o         presidente da Câmara, Jalal Chaya, tem sido um dos principais         fatores de expansão da participação privada no Produto Interno         Bruto. O crescimento em 2009 supera os resultados de todo o ano         de 2008, de US$ 377.024.998,66. De acordo com o Ministério do         Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o         principal produto brasileiro exportado para o Iraque é carne,         tanto de ave quanto bovina.
       
        Para estreitar ainda mais as relações comerciais         com o Oriente Médio, a Câmara Brasil Iraque inaugurou um centro         de exposições permanente em Sulaimaniyah. A cidade fica no         Curdistão, próxima à fronteira com o Irã. O investimento foi de         US$ 100 mil feito pela Câmara e pelo governo do Curdistão.         Segundo a câmara, Sulaimaniyah tem o mais moderno aeroporto         internacional da região e é a principal conexão entre o Iraque,         a Europa e os demais países do Oriente Médio, o que justifica o investimento.
Fonte: g1.com.br