quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Ford Coupe 1939 - Hot Rod


O economista Ângelo Dresch, 42 anos, nunca viu uma prova de carreteras ao vivo. Sequer tinha nascido quando elas estavam em alta no Brasil, no fim dos anos 40 até a década de 60, quando carros de corrida competiam em ruas e estradas pelo país. Porém a paixão por automóveis antigos faz ele hoje acelerar em um dos mais fieis representantes daquela modalidade esportiva: o Ford Coupe. O modelo, fabricado entre 1936 e 1940, tinha o apelido de “Barata”, devido ao formato da carroceria que lembra o inseto. Vinha equipado com motor V8 e para as provas tinha alguma preparação ou o propulsor era substituído por outros maiores e mais potentes.

O exemplar de Dresch é uma versão Luxo 1939, já modificada para o estilo hot rod, sua outra paixão. Nesse tipo de customização, veículos do passado recebem mecânica moderna. O Coupe 39 foi o escolhido pelo fascínio que ele tem pelas “Baratas” e pela raridade do modelo. A Ford produziu naquele ano os últimos carros com pára-brisa escamoteável e com caixa de câmbio com a alavanca de trocas no assoalho. Na traseira, as conhecidas lanternas em forma de gotas. Calcula-se que existam entre 6 a 8 modelos Luxo 1939 no Brasil.



Peças foram importadas

A restauração do Ford Coupe 1939 exigiu uma ampla substituição de peças, a maioria delas importada, já que o modelo, em seu estado original, estava deplorável. “No início, quando o carro voltou do jateamento, percebi que a carroceria estava muito pior do que eu imaginava. Mas, neste ponto, não tinha mais como voltar atrás e o único jeito era restaurar tudo, pois outro carro em melhor estado seria praticamente impossível de conseguir”, ressalta Ângelo Dresch. Segundo o economista, o resultado final ficou excelente e confiável.

A customização do modelo foi um desafio para Sérgio Liebel e sua equipe da Hot & Rusty, acostumados a trabalhar com a linha da Ford da década de 30. “Esse trabalho foi diferente dos anteriores onde eu já tinha um pouco mais de experiência. Tive o desejo de encarar novos horizontes e aprender um pouco mais dos modelos da década de 40”, diz Liebel.

O projeto no carro de Dresch buscou inspiração nos hots dos anos 70, onde a principal mudança era na mecânica, tendo poucas modificações nas características originais externas. O trabalho ficou sob responsabilidade da oficina curitibana Hot & Rusty, especializada neste tipo de customização.

Traje de festa

A intenção era manter o estilo clássico do veículo. Para tanto, a lataria ganhou a cor “preto Cadillac”. O capô e o porta-malas foram alisados, retirando as fechaduras. Os bancos receberam revestimento em couro bege com visual de época. Rodas de ferro no mesmo tom dos bancos, com calotas e sobrearos, completam o visual. O resultado rendeu o apelido de “black-tie”, em alusão ao traje de festa, em preto e branco, mais requintado. Na frente, o friso do capô, que originalmente era em duas partes, foi restaurado em peça única.

Na mecânica, optou-se por manter um conjunto Ford e não substituir por um GM, por exemplo, como é largamente feito nos Estados Unidos, berço do hot rod. O motor adotado foi o Ford V8 5.0 litros, utilizado no Maverick ou Landau, com 198 cavalos originais. A transmissão é automática de três marchas, também do Landau. A direção é hidráulica, ligada a uma coluna de direção com regulagem de altura. O veículo recebeu suspensão dianteira independente e freios a disco nas quatro rodas.

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