Você está assistindo à TV quando é surpreendido pela famosa música do plantão de notícias. Seus olhos fixam-se na tela para conferir as imagens de um incêndio. Essa "cena", familiar aos leitores, só foi possível porque a equipe de filmagem chegou antes que o fogo apagasse. E essa eficiência teve um motivo: a motocicleta.
Uma necessidade. Assim pode ser definida a utilização dos motolinks pelas emissoras de televisão. Com o trânsito carregado que impossibilita atravessar as grandes cidades rapidamente, muitas imagens importantes eram perdidas, já que, com um automóvel, as equipes cenográficas ficavam incapacitadas de chegar a tempo ao local de uma ocorrência.
“Em uma ocasião, enviamos a reportagem de carro para um incêndio, mas, quando chegaram lá, o fogo havia sido controlado pelos bombeiros. Então, percebemos, tínhamos de trabalhar com a agilidade. Voltamos os olhos para a motocicleta”, explica Sérgio Loebel, gerente de operações do SBT.
O projeto da emissora começou em 1997 e foi viabilizado no ano 2000 com uma motocicleta Honda Falcon. Atualmente, a emissora possui duas Yamaha XT 660 R responsáveis por levar o cinegrafista até o ponto de filmagem. "Para ir até um endereço que demora em média uma hora de carro, conseguimos chegar em 35min de moto, por exemplo, garantindo as imagens", completa Loebel.
A exemplo do SBT, a Rede Globo também utiliza duas unidades da mesma XT 660 R. “O principal benefício do uso de motocicletas nos links é a rapidez de deslocamento das equipes diante das crescentes dificuldades impostas pelo trânsito. Era comum os equipamentos ficarem retidos no tráfego, nos impossibilitando de chegar ao local designado”, esclarece o gerente de operações da Rede Globo, Fernando Gueiros, que cuidou do processo de implantação dos motolinks na emissora.
Desde 1994, a Globo utiliza equipamentos de transmissão em motocicletas em eventos esportivos, como a São Silvestre, e, no ano 2000, começou a usar o motolink diariamente. O link é definido como uma transmissão de áudio e vídeo por meio de uma antena de microondas. As motocicletas possuem um transmissor que envia o sinal para o helicóptero que o retransmite para as antenas da emissora.
“O grande desafio enfrentado foi desenvolver um sistema operacional seguro e ao mesmo tempo portátil, levando em conta a limitação de espaço e o deslocamento de duas pessoas”, acrescenta Gueiros.
No caso do SBT, sempre há um motociclista treinado na direção e um cinegrafista, que também possui experiência com as motocicletas. Já a Rede Globo, conta com um motociclista na condução, que também é técnico da unidade de transmissão, e um video-repórter apto a realizar a função de jornalista.
Tanto o SBT como a Globo levam nos baús das motos transmissores digitais portáteis e antenas que são apontadas para os helicópteros. Além disso, carregam uma câmera digital responsável pelas filmagens. “Cerca de 80% das imagens de factóides são garantidas pelo motolink. Por exemplo, as primeiras imagens do acidente da TAM no ano passado, foram obtidas com o apoio de uma de nossas motocicletas", explica o cinegrafista da Rede Globo, Ricardo Claro.
A loucura do trânsito, somada à briga pela audiência, podia se tornar uma arma na mão de irresponsáveis.
Mas as equipes dos motolinks são treinadas e devidamente instruídas para não cometerem exageros. O curso de direção defensiva da Honda já foi utilizado por ambas as emissoras. Como as motocicletas se locomovem carregadas de equipamentos e com duas pessoas, a habilidade de pilotagem é essencial.
Fonte: motociclismo.terra.com.br
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